
Mais um primeiro de maio se aproxima, este em um momento histórico que nos exige uma profunda reflexão acerca do desenvolvimento histórico das lutas da classe trabalhadora, o atual processo de reorganização das lutas frente aos atuais ataques do governo Lula sustentados pelos setores governistas que atuam no seio de nossa classe com fim de advogar tais ataques; estes setores possuem nome e endereço: CUT, UNE e PT, que hoje, junto ao governo Lula devem ser encarados como os principais inimigos por parte de todos os setores classistas e combativos. Há exatos 90 anos, nossa classe experimentava o que provavelmente seria um de seus maiores acúmulos em terras brasileiras: a Greve Geral. Todo o setor produtivo fora paralisado nas principais cidades do país em 1917. São Paulo, Santos, Rio de Janeiro, Porto Alegre e outras cidades eram cobertas pelas bandeiras negras e pela combatividade do proletariado que começara a tomar o céu de assalto. Eram tempos em que os sindicatos eram a extensão da casa dos trabalhadores, a solidariedade de classe se contrapunha ao cooperativismo e construía na prática e no enfrentamento de classe um sindicalismo classista, combativo e sobretudo revolucionário. Tempos em que os anarquistas não se encontravam enclausurados em reflexões abstratas, mas que no seio de sua classe construíam este movimento, se colocando como uma alternativa política a barbárie capitalista.A bandeira negra a vermelha não era mera peça exótica, mais sim uma simbologia reconhecida, respeitada e reivindicada pelo proletariado.Hoje, 90 anos após este histórico marco da luta de classes em nosso país, nos encontramos em uma conjuntura extremamente oposta a estes tempos. O atual momento é de extremo refluxo das lutas, onde a classe trabalhadora infelizmente saiu da ofensiva para entrar na defensiva. Paralelo a isso encontramos um sinistro avanço do capital, com uma enorme sede em espoliar tudo o que nossa classe conquistou com o sangue das lutas deste heróico passado. O pacote de reformas do governo neoliberal de Lula junto ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) vem a restringir os parcos direitos que nossa classe conquistou em suas barricadas, como o direito a greve, 13. salário, aposentadoria, educação pública etc. os “gastos” sócias são cada vez mais flexibilizados para fortalecer o superávit primário e assim engordar a banqueiros e credores das dívidas interna e externa. Novamente os trabalhadores pagam as contas dos burgueses. Como se tudo isso não bastasse, estes ataques se dão com um amplo e irrestrito apoio da CUT e da UNE, a anos degeneradas por uma forte burocracia que desviou o foco das lutas diretas para disputas burocráticas em aparelhos do Estado. Hoje estas entidades, em conjunto com o PT e seu principal satélite político, o PCdoB, são os maiores obstáculos ao avanço das lutas de classe em nosso país na medida em que colocam uma postura claramente governista, burocratizando seus espaços e eliminando qualquer resquício de democracia interna. Paralelo a estes ataques, vemos, com um certo grau de entusiasmo, um amplo processo de reorganização das lutas de classes em nosso país, através da ruptura com o governismo e da reordenação das práticas classistas e combativas. Experiências como a CONLUTE (Coordenação Nacional de Lutas Estudantis), a CONLUTAS (Coordenação Nacional de Lutas), a INTERSINDICAL e a Frente de Luta Contra a Reforma Universitária são as mais expressivas e o Encontro Nacional Contra as Reformas junto a Plenária em Defesa da Educação Pública foram os momentos em que mais deixaram evidente este processo de reorganização. No entanto, infelizmente, vemos fortes resquícios das tão nefastas práticas petistas e cutistas ainda presentes em grande parte destes pólos, lógico, em grau consideravelmente inferior as degeneradas CUT e UNE, mas que ainda assim nos desperta grande preocupação. O Encontro Contras as reformas e a Plenária da Educação, apesar de ter avançado consideravelmente no reaproximamento entre setores combativos e classistas, pouco avançou na ruptura com a burocracia, falta de participação e discussão entre as bases. Foram encontros que demonstraram ser basicamente um acordo firmado entre forças políticas, PSTU e PSOL. O Encontro Contra as Reformas, se quer teve grupos de discussões, se limitando a saudações de entidades e organizações/partidos políticos, já a Plenária da Educação, contou com grupos de discussão com tempo reduzido e comprometido por conta de atividades de divulgação de forças políticas, como foi a palestra de Valério Arcary (militante do PSTU) sobre a Venezuela, à plenária final só foi encaminhado o que era “consenso” que lógico, se resumia ao que era posicionamento dos setores majoritários. Um pólo de oposição a forma burocrática como vinha sendo encaminhado o evento foi formado, reunindo diversos setores combativos, mas que foram sufocados durante a plenária final pelo campo majoritário: PSTU e PSOL. Cabe não só a nós, militantes anarquistas, mas a todo o conjunto da militância classista e combativa, avançar no sentido de romper com os vícios petistas não só nos discursos, mas sobretudo na prática e no cotidiano e nossas lutas, retomando a boa e velha democracia direta e operária em nossas instâncias, dando voz àqueles que não a possuem, reconstruindo dia a dia o que nos foi espoliado pela burocracia que hoje se encontra no poder burguês.O Primeiro de Maio, histórica data que nos remete a um tempo em que as lutas se encontravam em outro patamar é um ótimo momento para juntos, sairmos às ruas para combater por nossos direitos e inspirados nos Mártires de Chicago reorganizar nossa classe através do que lhe é mais valoroso: suas organizações combativas e apoiadas na mais ampla autonomia de classe e democracia direta.
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