sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O 1º de Maio no marco da reorganização de nosssa classe!

Mais um primeiro de maio se aproxima, este em um momento histórico que nos exige uma profunda reflexão acerca do desenvolvimento histórico das lutas da classe trabalhadora, o atual processo de reorganização das lutas frente aos atuais ataques do governo Lula sustentados pelos setores governistas que atuam no seio de nossa classe com fim de advogar tais ataques; estes setores possuem nome e endereço: CUT, UNE e PT, que hoje, junto ao governo Lula devem ser encarados como os principais inimigos por parte de todos os setores classistas e combativos. Há exatos 90 anos, nossa classe experimentava o que provavelmente seria um de seus maiores acúmulos em terras brasileiras: a Greve Geral. Todo o setor produtivo fora paralisado nas principais cidades do país em 1917. São Paulo, Santos, Rio de Janeiro, Porto Alegre e outras cidades eram cobertas pelas bandeiras negras e pela combatividade do proletariado que começara a tomar o céu de assalto. Eram tempos em que os sindicatos eram a extensão da casa dos trabalhadores, a solidariedade de classe se contrapunha ao cooperativismo e construía na prática e no enfrentamento de classe um sindicalismo classista, combativo e sobretudo revolucionário. Tempos em que os anarquistas não se encontravam enclausurados em reflexões abstratas, mas que no seio de sua classe construíam este movimento, se colocando como uma alternativa política a barbárie capitalista.A bandeira negra a vermelha não era mera peça exótica, mais sim uma simbologia reconhecida, respeitada e reivindicada pelo proletariado.Hoje, 90 anos após este histórico marco da luta de classes em nosso país, nos encontramos em uma conjuntura extremamente oposta a estes tempos. O atual momento é de extremo refluxo das lutas, onde a classe trabalhadora infelizmente saiu da ofensiva para entrar na defensiva. Paralelo a isso encontramos um sinistro avanço do capital, com uma enorme sede em espoliar tudo o que nossa classe conquistou com o sangue das lutas deste heróico passado. O pacote de reformas do governo neoliberal de Lula junto ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) vem a restringir os parcos direitos que nossa classe conquistou em suas barricadas, como o direito a greve, 13. salário, aposentadoria, educação pública etc. os “gastos” sócias são cada vez mais flexibilizados para fortalecer o superávit primário e assim engordar a banqueiros e credores das dívidas interna e externa. Novamente os trabalhadores pagam as contas dos burgueses. Como se tudo isso não bastasse, estes ataques se dão com um amplo e irrestrito apoio da CUT e da UNE, a anos degeneradas por uma forte burocracia que desviou o foco das lutas diretas para disputas burocráticas em aparelhos do Estado. Hoje estas entidades, em conjunto com o PT e seu principal satélite político, o PCdoB, são os maiores obstáculos ao avanço das lutas de classe em nosso país na medida em que colocam uma postura claramente governista, burocratizando seus espaços e eliminando qualquer resquício de democracia interna. Paralelo a estes ataques, vemos, com um certo grau de entusiasmo, um amplo processo de reorganização das lutas de classes em nosso país, através da ruptura com o governismo e da reordenação das práticas classistas e combativas. Experiências como a CONLUTE (Coordenação Nacional de Lutas Estudantis), a CONLUTAS (Coordenação Nacional de Lutas), a INTERSINDICAL e a Frente de Luta Contra a Reforma Universitária são as mais expressivas e o Encontro Nacional Contra as Reformas junto a Plenária em Defesa da Educação Pública foram os momentos em que mais deixaram evidente este processo de reorganização. No entanto, infelizmente, vemos fortes resquícios das tão nefastas práticas petistas e cutistas ainda presentes em grande parte destes pólos, lógico, em grau consideravelmente inferior as degeneradas CUT e UNE, mas que ainda assim nos desperta grande preocupação. O Encontro Contras as reformas e a Plenária da Educação, apesar de ter avançado consideravelmente no reaproximamento entre setores combativos e classistas, pouco avançou na ruptura com a burocracia, falta de participação e discussão entre as bases. Foram encontros que demonstraram ser basicamente um acordo firmado entre forças políticas, PSTU e PSOL. O Encontro Contra as Reformas, se quer teve grupos de discussões, se limitando a saudações de entidades e organizações/partidos políticos, já a Plenária da Educação, contou com grupos de discussão com tempo reduzido e comprometido por conta de atividades de divulgação de forças políticas, como foi a palestra de Valério Arcary (militante do PSTU) sobre a Venezuela, à plenária final só foi encaminhado o que era “consenso” que lógico, se resumia ao que era posicionamento dos setores majoritários. Um pólo de oposição a forma burocrática como vinha sendo encaminhado o evento foi formado, reunindo diversos setores combativos, mas que foram sufocados durante a plenária final pelo campo majoritário: PSTU e PSOL. Cabe não só a nós, militantes anarquistas, mas a todo o conjunto da militância classista e combativa, avançar no sentido de romper com os vícios petistas não só nos discursos, mas sobretudo na prática e no cotidiano e nossas lutas, retomando a boa e velha democracia direta e operária em nossas instâncias, dando voz àqueles que não a possuem, reconstruindo dia a dia o que nos foi espoliado pela burocracia que hoje se encontra no poder burguês.O Primeiro de Maio, histórica data que nos remete a um tempo em que as lutas se encontravam em outro patamar é um ótimo momento para juntos, sairmos às ruas para combater por nossos direitos e inspirados nos Mártires de Chicago reorganizar nossa classe através do que lhe é mais valoroso: suas organizações combativas e apoiadas na mais ampla autonomia de classe e democracia direta.

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